LGB Internacional: O movimento que busca apagar o ativismo trans
Dentro da sigla LGBTQIA+, a união sempre foi a maior força. Lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e outras identidades se uniram para lutar por direitos, visibilidade e segurança. No entanto, nos últimos anos, um movimento tem ganhado voz em alguns países, especialmente no Reino Unido e nos EUA, questionando essa aliança. Autointitulado LGB Internacional, o grupo afirma lutar pelos direitos de gays, lésbicas e bissexuais, mas, na prática, seu discurso se volta contra uma parte da própria comunidade: as pessoas trans.
Por trás de um suposto discurso de proteção, o movimento semeia a discórdia e fragiliza a luta. Mas, por que esse grupo tem crescido e quais são os perigos para os direitos humanos? Este artigo explora o que é o LGB Internacional, suas origens, ideologias e o impacto real de sua pauta anti-trans.
O que é o LGB Internacional?
O movimento LGB Internacional (também conhecido por sua sigla original, LGB Alliance) foi criado por ativistas que se separaram de grandes organizações LGBTQIA+, como a Stonewall no Reino Unido, alegando que o ativismo trans havia se tornado central demais na pauta. Seu discurso oficial é “defender gays, lésbicas e bissexuais de políticas de identidade de gênero” que, segundo eles, poderiam prejudicar esses grupos.
Na prática, isso se traduz na exclusão das pessoas trans da luta por direitos e na invisibilização de suas demandas. O grupo se opõe, por exemplo, à autoidentificação de gênero e a leis que facilitam a retificação de documentos para pessoas trans, sob a alegação de que isso pode “apagar” a atração por pessoas do mesmo sexo biológico.
As bases ideológicas e as contradições do movimento
O discurso do LGB Internacional está profundamente ligado a setores conservadores e, em especial, a grupos que se autodenominam “críticos de gênero”. Esses grupos, frequentemente chamados de feministas radicais trans-excludentes (ou TERFs), acreditam que a identidade de gênero é uma ameaça aos direitos das mulheres e à infância.
A grande contradição do movimento é que, enquanto dizem lutar contra o preconceito, eles fortalecem discursos transfóbicos já existentes. Ao rejeitar a identidade de gênero e reforçar a ideia de que o sexo biológico é o único fator relevante, o LGB Internacional legitima a exclusão e o ódio contra pessoas trans. Essa retórica de ódio é frequentemente usada por grupos de extrema-direita para justificar a violência e a discriminação.
Por que o LGB Internacional é problemático?
O impacto do movimento não se restringe a debates na internet. Ele tem consequências reais e perigosas para toda a comunidade.
Rompe a unidade histórica: A força do movimento LGBTQIA+ sempre esteve na sua união. Lutas históricas, como a Revolta de Stonewall, foram lideradas por pessoas trans e travestis, mostrando que as demandas de todas as letras da sigla estão interligadas. A tentativa de separar "LGB" de "T" rompe essa base e enfraquece a capacidade de todos lutarem contra o preconceito.
Transfobia velada: O discurso do LGB Internacional é uma forma de transfobia velada. Ao excluir pessoas trans, ele reforça estigmas e legitima ataques verbais e físicos. Ignorar as demandas de pessoas trans é ignorar o grupo que enfrenta as maiores taxas de violência, homicídio e exclusão dentro da própria comunidade.
Impacto na vida real: A pauta do grupo coloca em risco conquistas importantes, como o direito à retificação de nome e gênero, acesso à saúde e proteção contra a violência. Quando a transfobia é normalizada, as políticas públicas voltadas para pessoas trans e a sua segurança ficam ainda mais ameaçadas.
Reações e críticas ao movimento
Organizações internacionais como a ILGA World (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex) e coletivos ativistas têm denunciado o caráter excludente do movimento. No Brasil, organizações como a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) reforçam a importância da união e da interseccionalidade, ou seja, a compreensão de que não é possível defender os direitos de uns ignorando os de outros. Não há como lutar contra a homofobia sem combater a transfobia, pois todos os preconceitos estão interligados.
O que está em jogo?
O movimento LGB Internacional representa um retrocesso perigoso. O que está em jogo não é apenas uma sigla ou um debate acadêmico, mas a segurança e a dignidade de pessoas trans. A narrativa de que é possível ter “respeito só até certo ponto” é a mesma narrativa que, historicamente, foi usada para justificar o preconceito contra gays e lésbicas.
A luta por direitos iguais é inegociável. Reconhecer que pessoas trans enfrentam as maiores taxas de violência é o primeiro passo para garantir que a luta LGBTQIA+ seja verdadeiramente justa e inclusiva. O futuro do movimento depende de sua capacidade de se manter unido, combatendo qualquer forma de exclusão.
Conclusão
O LGB Internacional não fortalece, mas enfraquece a luta LGBTQIA+. Sua pauta divisionista, que se disfarça de ativismo, na verdade serve para minar a base de solidariedade que tornou a comunidade tão forte. A luta contra o preconceito precisa ser coletiva. Qualquer tentativa de exclusão é um passo para trás, não apenas para um grupo, mas para todos. Não existe orgulho pela metade — ou todos têm direitos, ou não há verdadeira igualdade.

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