Sydney Sweeney tem ótimos jeans...e polêmicas

 

Sydney Sweeney sparks backlash as American Eagle ad campaign in the US ...



A eugenia talvez seja um dos capítulos mais sombrios da história da ciência. Surgida como uma "teoria do bem-nascido" no fim do século XIX, carregava a promessa de uma humanidade "melhorada" – só que à custa da exclusão, esterilização forçada e até assassinato em massa. Embora a ciência moderna tenha desacreditado completamente essa ideia, seus ecos ainda reverberam. E quando trocadilhos publicitários mexem com esse passado, a discussão é mais do que necessária.

Recentemente, a atriz Sydney Sweeney e a marca American Eagle se viram no olho de um furacão midiático. Tudo por causa do slogan: "Sydney Sweeney has great jeans" – uma brincadeira entre "jeans" (calça) e "genes" (material genético). Parece leve? Mas a frase, dita por uma mulher loira, de olhos azuis, remeteu muita gente ao velho discurso eugênico, levantando uma série de críticas nas redes sociais.

O que é eugenia, afinal?


A palavra foi criada por Francis Galton em 1883 e significa literalmente "bem-nascido". Era uma tentativa de usar o conhecimento genético para planejar gerações futuras com mais "qualidades" – que, não por acaso, eram aquelas associadas às elites brancas europeias. A eugenia se dividia em duas frentes:
  • Positiva: incentivar pessoas "aptas" a terem filhos (com vantagens fiscais, por exemplo);

  • Negativa: impedir que pessoas consideradas "inaptas" (pobres, doentes, deficientes) se reproduzissem.

O problema? Tudo. Da pseudociência à violência institucional. A eugenia foi abraçada por regimes como o nazismo, que a usaram para justificar genocídios, esterilizações forçadas e toda sorte de horrores.

E por que estamos falando disso agora?



Porque a memória histórica importa. Quando uma marca diz que uma mulher branca, loira e de olhos azuis tem "bons genes" – mesmo que como piada – ela não está partindo do zero. Está tocando em um passado de supremacia branca e discursos excludentes.

No caso da campanha da American Eagle, o vídeo mostrava Sweeney falando sobre como "genes determinam traços como olhos, cabelo e personalidade". Em seguida, ela abotoa a calça e diz: "meus genes são azuis". Para piorar, outro vídeo mostrava ela riscando a palavra "genes" de um outdoor e escrevendo "jeans" em cima. Resultado? Críticas explodiram, e a internet não perdoou.

"Mas não foi de maldade!"



Mesmo que não tenha sido intencional (e talvez não tenha mesmo sido), o impacto é o que conta. Principalmente em tempos de redes sociais, onde tudo é amplificado. Quando falamos em eugenia, falamos também de racismo, classismo, capacitismo e outras formas de exclusão disfarçadas de ciência.

O trocadilho, vindo de uma marca chamada American Eagle, usando a imagem de uma mulher que é vista por muitos como "ideal americano de beleza branca", não soou como apenas uma piadinha de moda. Soou como uma piscadela código (dog whistle) para um público conservador. E em pleno 2025, com a extrema direita crescendo em vários países, isso não é inofensivo.

O passado de Sydney Sweeney também pesa



A atriz já havia se envolvido em polêmicas anteriores, como quando fotos de uma festa da família mostraram convidados com chapéus que lembravam o slogan de Trump. Também houve acusações de comportamento racista no passado. Isso cria um contexto que torna o público ainda mais sensível às suas escolhas e palavras.

A ausência de resposta agrava

sydney sweeney


Nem a atriz nem a marca deram uma resposta direta às críticas. E em tempos de cancelamento (com ou sem razão), o silêncio fala alto. Isso fortalece a interpretação de que o discurso foi, sim, planejado ou no mínimo negligente.

Por que isso importa?

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Porque o discurso importa. Porque não estamos mais em um mundo onde dá pra fingir que a história não deixa marcas. Porque mulheres negras, gordas, trans e tantas outras identidades seguem sendo invisibilizadas em campanhas, enquanto a "beleza clássica americana" é celebrada sem filtro.

A MM MONTEIROS defende que toda beleza é digna de respeito. E não aceitamos discursos que, direta ou indiretamente, reforcem estéticas excludentes ou ideias de superioridade biológica. A eugenia não ficou no passado – ela se reinventa. E a nossa luta é por um futuro mais consciente, inclusivo e com memória.

Conclusão

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A polêmica do "Great Jeans" é muito mais do que um exagero de internet. É um reflexo de como nossos discursos ainda carregam heranças perigosas. É uma chamada para que marcas e figuras públicas pensem antes de criar. E é, acima de tudo, um alerta: precisamos continuar atentos, vigilantes e engajados na luta contra qualquer tentativa de mascarar preconceito com marketing. A liberdade está em reconhecer o passado e fazer diferente no presente.


Referências consultadas: Instituto Claro, Redalyc, Caçador de histórias, Bioetica.org.br, SciELO, PUC-SP, Times of India, Fox News, Hindustan Times, YouTube, Wikipedia.


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