Maternidade real: Desafios e alegrias de criar filhos(as) na sociedade atual

 Mãe, mas também mulher. A maternidade, em pleno século XXI, ainda está cercada por uma aura de perfeição inatingível, um conto de fadas que insiste em ignorar a complexidade do dia a dia. A maternidade é linda, mas não é perfeita — e tudo bem.

Neste artigo, convidamos você para uma conversa sem filtros sobre a maternidade real, com suas dores, alegrias, contradições e potências. Vamos desvendar o que realmente significa ser mãe na sociedade atual, longe das expectativas irreais e perto das vivências de milhões de mulheres.


O que é a maternidade real?



A maternidade real não busca "desromantizar por desromantizar", mas sim mostrar a experiência de ser mãe em toda a sua profundidade. É reconhecer que essa jornada é diversa, cansativa, gratificante e cheia de nuances. Contrasta-se diretamente com o mito da “mãe perfeita”, uma idealização midiática e cultural que impõe exigências sobre-humanas.

Ser mãe de verdade significa permitir-se ser imperfeita, humana, viva. É entender que haverá dias em que a exaustão vai bater, em que a culpa tentará se instalar, mas também haverá momentos de pura alegria, conexão e um amor avassalador que transforma tudo. A maternidade real é aceitar as imperfeições e abraçar a sua própria verdade, com todos os seus altos e baixos.


Desafios contemporâneos da maternidade



Ser mãe hoje é um malabarismo constante, permeado por desafios estruturais e emocionais.

a) Sobrecarga e exaustão mental

A mulher ainda é, na maioria das vezes, vista como a principal responsável pela casa, pela educação e pela saúde emocional dos filhos. Essa expectativa social gera uma jornada tripla: maternidade, trabalho (remunerado ou não) e uma incessante autocobrança para dar conta de tudo. O resultado é a sobrecarga e a exaustão mental, que se manifestam em ansiedade, estresse e, em muitos casos, depressão materna.

b) Maternidade solo

No Brasil, o número de mães solo continua crescendo. De acordo com o IBGE, em 2022, 11,5 milhões de lares brasileiros eram chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos. Essas mulheres enfrentam a ausência de políticas públicas de suporte adequadas e a falta de corresponsabilidade masculina, carregando sozinhas o peso financeiro e emocional da criação dos filhos.

c) Pressão estética e culpa materna

As redes sociais, muitas vezes, contribuem para a ditadura da performance materna perfeita. Fotos de famílias impecáveis e rotinas milimetricamente organizadas geram uma pressão estética e uma culpa materna avassaladora. A mulher é culpabilizada por tudo: desde a alimentação do bebê, passando pelo desenvolvimento da criança, até o seu comportamento em público. Essa culpa mina a autoconfiança e impede que muitas mães vivam a maternidade de forma mais leve e autêntica.

d) Maternidade e trabalho

A volta ao trabalho após a maternidade é um dos maiores dilemas para as mulheres. A falta de creches públicas acessíveis, a licença-maternidade que muitas vezes é insuficiente e o preconceito no mercado de trabalho são barreiras imensas. Muitas mulheres são demitidas após a licença ou se veem pressionadas a "dar conta de tudo", sem flexibilidade ou apoio.

e) Crianças na era digital

Criar filhos em tempos de internet, excesso de telas, influenciadores digitais e cyberbullying é um desafio à parte. As mães se veem na responsabilidade de equilibrar a liberdade e a proteção, oferecendo uma educação afetiva e digital no mesmo pacote, muitas vezes sem o suporte e as ferramentas necessárias para navegar nesse novo universo.


As alegrias que ninguém mostra nas propagandas



Apesar dos desafios, a maternidade real é recheada de alegrias que nenhuma propaganda consegue capturar. São as pequenas grandes vitórias do dia a dia: a primeira palavra dita, um abraço espontâneo e apertado, uma conversa sincera com o filho que se torna seu confidente.

A maternidade é também um caminho de descobertas internas: a mulher que nasce junto com a mãe, mais forte, mais paciente, mais resiliente. É um aprendizado constante de amor incondicional, de presença e de paciência que transforma a alma. As relações se fortalecem na vulnerabilidade e na troca genuína. O olhar transformador da criança sobre o mundo — e sobre si mesma — nos convida a redescobrir a beleza e a simplicidade da vida.


O papel do feminismo na maternidade real



O feminismo tem um papel crucial na desconstrução do ideal da “mãe mártir”, aquela que se anula em nome da maternidade. Ele luta por direitos essenciais, como licença parental igualitária para ambos os pais, a expansão de creches públicas de qualidade e o acesso à saúde mental materna.

Mães são parte fundamental da revolução. Criar filhos e filhas com afeto, consciência e liberdade é, por si só, um ato político. É ensinar uma nova geração a questionar padrões, a respeitar a diversidade e a construir um mundo mais justo e equitativo.


Maternidade diversa e interseccional



A maternidade não é uma experiência única; ela é plural e precisa ser escutada em todas as suas vozes.

  • Mães negras enfrentam o racismo estrutural desde a gravidez, com menos acesso a cuidados de saúde e mais preconceito.

  • Mães indígenas e rurais muitas vezes lidam com o abandono institucional e a falta de recursos básicos.

  • Mães trans, mães com deficiência, mães LGBTQIA+ são frequentemente apagadas das narrativas hegemônicas ou estigmatizadas, tendo que lutar por reconhecimento e direitos básicos.

É fundamental que reconheçamos e celebremos a maternidade em sua diversidade, garantindo que todas as mães sejam vistas, ouvidas e apoiadas em suas particularidades.


Conclusão: Você está fazendo o seu melhor



Não existe manual. A maternidade real é feita de tentativas, aprendizados e, acima de tudo, muito amor. Haverá dias bons e dias difíceis, momentos de glória e momentos de dúvida. E tudo isso é válido. Você está fazendo o seu melhor, e isso é o que importa.

Ser mãe é ser um universo inteiro — e tudo que você sente é válido. Você não está sozinha. A maternidade real é feita de erros, acertos e muito amor. E por aqui, a gente caminha junto.


Compartilhe este artigo com uma mãe que você ama. Juntas, somos mais fortes.



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